sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Jingle Hells trilha urbana

Pelos caminhos da vida
O sol não dá trégua
A água sai pelos meus poros
e a mente fica lenta
O pensamento custa a se concretizar
e o raciocínio não se completa
O desencanto urbano predomina

O desfile de sacolas é constante
afinal chegou o fim do ano
As luzes coloridas distoam
do cinza horrendo da realidade


Urubus em meio a paisagem

Disputam restos dos restos

com restos de gente

Dignidade? Quem se importa?

Saciar a fome é o que interessa

E em meio aos enfeites natalinos

estômagos recebem a podridão

Quem chegar primeiro

vai levar o melhor pedaço


De novo os "amigos" urubus

anunciam a presença da morte.

São solemente ignorados

pelos farrapos humanos

que a sociedade excluiu.

No final representam

a disputa desesperada

pelo mínimo da vida.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A indústria do amor

Músicas melosas com letras açucaradas
Poemas com doces palavras
Traduzindo longos suspiros
Misturados com o desejo
Corações e cupidinhos
no imaginário popular
Crianças que nem saíram das fraldas
confundindo o desejar com o amar

Todos tentam definir o amor
Como se fossem os donos da verdade
A idealização virou definição
O ser humano duro e frio como um rocha
Desdenha de tudo e transforma em capital
Conhece somente o que compra e vê
e o mínimo em relação ao que sente

A noite I

Minha madrugada querida
Linda e majestosa se aproxima
O frescor da umidade me acalma
A escuridão me fascina
O silêncio me inspira
Sou a poeta da noite!

A noite inspira os romancistas
e aos malditos também
Alegria dos boêmios
Preocupação das suas famílias
A noita a alguns transforma
e a outros, transtorna

Da noite surgem vários frutos
Entre risadas e feridas
resultantes da atividade ébria
Também surgem outros frutos
que trazem a alegria
ou a morbidez de um aborto

Enquanto muitos dormem
Outros despertam
Voando nas asas da farra
das luzes, das festas

Com a chegada do dia
tudo fica igual
O trabalho e as obrigações
Tudo volta ao comumente normal.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Organicamente amazônico

A mente materializa
as coisas que são ditas.
Cristalizam palavras
convertendo em ideias absurdas.

Loucura? O que é isso?
É a natureza urbana?
Ou é o urbano
que invade a natureza?

Apesar da selva de pedra
ser composta por concreto e asfalto
A natureza sempre está presente
Por mais que a humanidade a renegue

O carrinho de construção civil
Carrega pupunhas, tucumãs e jaraquis
temperados por poeira urbana.
Microrganismo habitam
as miniaturas de planetas
condenados a serem tragados
por buracos negros bípedes

A fumaça dos braseiros
se mistura a dos carros
O ar que dá a vida
É o mesmo que nos mata
Os radicais livres ganham
A adorável companhia do câncer...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Reciclagem da emoção

Emoções guardadas em gavetas
transbordam e não encontram
um espaço mínimo que seja
para se manterem estáveis

Viram toxinas nocivas
pensamentos doentis
palavras grosseiras
e espalham a mágoa

Há um caminho alternativo
e mais agradável
para que isso não aconteça:
transforme as emoções em palavras,
concretize-as em forma de escrita,
deixe todas se manifestarem
e transforme-as em poesia.

Branco imaculado branco

Ao olhar para o branco,
imaculado branco,
os olhos materializam riscos
que tomam a forma de palavras
ou de formas abstratas

Branco imaculado branco,
como você me incomoda!
Branco imaculado branco,
para mim és sinônimo
da ausência de criatividade.

O que adianta o branco ser
a união de todas as cores
quando não se comunica,
se nada fala
e nem emoções transmite?

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Levada pelas águas




Em minha canoa vou seguindo


Pelas águas da vida


O banzeiro não me derruba


Nem a tempestade particular


A bela lua ilumina


O meu novo caminho


Não sei para onde seguirei


Apenas tenho certeza


Que coisa boa me aguarda

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Propriedades da música



A música povoa os meus ouvidos
E as recordações enchem a minha mente
E funcionam como o estopim
Para sentimentos bons e ruins


A música pode ser que nem a navalha
Cortante e origem de grandes cicatrizes
Ou como o perfume agradável
Cujo aroma relembra nossos afetos


Agradáveis ondas auditivas
Resgatam momentos
Que nunca mais retornarão
É a volta prazerosa do passado
Ou o retorno das piores dores


A música sempre está presente
Em todos os momentos do viver
Afinal ela se confunde
E se funde com a própria vida.




















segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O sacrifício do ser

Continuo a contemplar o vazio mais completo
As caras dos espertos em suas vidas comuns
Robotizados numa rotina guiada pela busca
por bens materias que satisfazem
temporiamente o ego.

Todos queremos conforto
e ganhar mais do que o suficiente
Abrimos mão de sonhos
para concretizarmos outros
que nem mesmo sabemos ao certo
se são nossos desejos reais.

Às vezes a felicidade está em coisas simples como:
o sorriso do filho;
no abraço dos pais;
no beijo de alguém querido;
em simplesmente contemplar
o que a natureza nos oferece...
Mas a felicidade está cada vez mais ligada
as coisas que nós temos
O "ter" sempre se impõe, enquanto o "ser"
é sempre varrido para baixo de um tapete
e se tranforma em uma poeira tóxica
chamada frustração.

Para ter sempre deixamos
de ser sempre alguma coisa
Para ter, enterramos sonhos
Para ter, seguimos regras
E nos enquadramos em disciplinas
que nos torna um cidadão respeitável...

Todos tem direito ao ter
A viver com estrutura material satisfatória
Mas sufocar o ser extermina a alma
E machuca o coração
Nos leva mais cedo para o local
de onde mais a humanidade foge:
o cemitério.

O ser precisa viver um pouco mais solto
Desfrutando de coisas impossibilitadas pelo ter
Seja!
Viva!
E transforme o ter em algo
realmente significativo para o ser.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

De braços abertos
espero por novidades
O minuto que passou
já virou saudade
e o próximo representa
a mais doce esperança
No presente há
as lembranças de um velho
e o otimismo de uma criança
Não importa a idade
é a mente da humanidade.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Manaus simplesmente Manaus

Por que o Porto de Lenha
Nunca será Liverpool?
Por que o Porto de Lenha
Deve virar Liverpool?
Viva a cara morena e aos olhos negros,
vindos do guaraná, com brilho singular.


Manaus é Manaus
com sua identidade.
Não precisa de referências,
pois nas suas veias
corre o sangue multicultural,
com predominância indígena.

Por que não ter orgulho
de ser filho ou simplesmente índio?
Os povos indígenas tem
seus segredos,
suas graças
e suas sabedorias.

Manaus não é Liverpool
e nem poderá ser,
porque está localizada
no coração formado
por águas barrentas e negras,
que bate firme no peito
da imensa mãe Amazônia.

Manaus
Simplesmente Manaus.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Nuvens no horizente , trovões na alma

Nuvens cinzentas no horizonte
Deixam o dia mais frio.
O cinza predomina no céu
E na minha alma,
onde trovões
não deixam esquecer
a intensa tempestade da alma
que está assolando
meu ordinário destino.

Cada dia equivale
a um pindo d' água,
que juntos formam
a grande chuva.
Todos os dias formam
o conjunto da vida,
que assim como a natureza
apresenta suas variações.
Hoje a tempestade está intensa,
mas amanhã o dia será azul,
intensamente azul,
e que nuvens darão o lugar
ao calor de a luz do Sol,
astro que ilumina a longa
e curta estrada da vida.