quarta-feira, 14 de março de 2012

Constelações ilusórias

Pessoas vem e vão
na intensa alucinação.
Na madrugada as lembranças invadem,
abandonam a mente
e derrubam
os castelos de areia.

Se agregagam a constelações,
onde brilham lado a lado,
mas se ofuscam no brilho próprio.
Não enxergam o que está junto,
numa infinita ilusão.

Sociedade do ser
e não do somos.

Enterrados no orgulho
do "eu" eterno.

Sinfonia Urbana

Os pés definem passos sem ritmo
Levando um corpo a lugar algum
Passando por um jardim florido
Com inúmeros canteiros pisoteados

Flores brancas, vermelhas, amarelhas
Rosas, violetas, cravos...
Despedaçadas!
Dilaceradas!
Pétalas colorem o chão.

Gritos se misturam ao som urbano
Composto pela sinfonia desafinada
Das buzinas e incontáveis desaforos

O bêbado alheio a tudo
Continua agarrado a um corote
Olhando a bunda da madame

Laranjas rolam pelo chão
Tomates exalam o azedume
Moscas sobrevoam o peixe
E o cachorro rouba
Carne vencida do açougue

Crianças fogem da escola
E algumas viram mulheres
Muito antes da hora
Meninos viram perigosos marginais
Se transformam em manchetes de jornais
Protagonizando banhos de sangue

Enquanto isso, o José
Chega do serviço
Traz um copo com farora
Junto com o churrasco de gato
Liga a Tv no BBB
E ainda não admite
Que além de Zé, é Mané!

E todo dia isso se repete
Sem nenhuma variação
No máximo é a chuva que castiga
Ou o sol que martiriza
Para sempre, a repetição.