terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Contenção

Novela teve fim
ou apenas é uma etapa?
Na verdade o que ocorreu
foi o mais dolorido tapa,
onde a vermelhidão e a dor
não ficaram no coração,
mas latejam em minha alma.

O silêncio é meu companheiro
e ao mesmo tempo
é meu pior inimigo.
A boca calada é o dique
que contém as furiosas águas,
oriundas dos olhos,
com o gosto salgado da tristeza.

Um aperto no peito
não deixa esquecer
a intensa tempestade interna.
A gargalhada se junta ao conjunto
dos intensos risos alheios,
mas a alma sabe
e persiste nas lágrimas,
simplesmente porque conhece
a amarga e dolorosa realidade

Os sonhos não acabaram,
apenas vão existir para sempre.

Doce amargor do pretérito

Pretérito perfeito
Eu não sei se imperfeito
Sei somente que o passado
De alguma forma retorna
Com gosto de quero mais
Ou do mais puro amargor
Depende da lembrança
Que é invocada no momento

O gosto doce contagia
e deixa uma leveza
repleta de paz,
enquanto o amargor
nos deixa tensos,
com a cabeça pesada
e muitas vezes
com o coração apertado.

Quanto mais o tempo passa,
aumenta a doçura
e infelizmente o amargor.
Só há um jeito de nos livrarmos
do insuportável gosto ruim:
nascendo de novo.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Quando

Roda a vida
Gira gira
Circunda
Rodeia
e não chega
a lugar algum

O tempo passa
e a vida também
O "quando" esperado
nunca chega...

Nós que devemos
procurar a nossa estrada
Nunca adiar planos
esperando pelo certo incerto.

Esperar o primeiro salário ?
Ou pela aposentadoria?
Esperar o filho crescer?
Antes do casamento ou depois?
Quando ganhar cinco quilos?
Ou quando emagrecer vinte?
O eterno "quando"...

Você sabia que o "quando" já chegou?

O "quando" é HOJE.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Amor e repetição

Como o amor é repetitivo:
O mesmo rosto
O mesmo sorriso
As mesmas falas
E principalmente
a dita frase
que não pode faltar:
"Eu te amo"

Mas quando a repetição
por algum motivo é interrompida,
o coração sente,
a mente fica confusa e
o medo se instala.
Inúmeros porquês
invadem os pensamentos.
Imediatamente se pensa
em alguma ameaça:
"Será que ainda me ama?"
"Será que enjoou de mim?"
"Por que não diz mais que me ama?"

O ser humano se diz
tão incontente com a mesmice
e insatisfeito com a rotina,
mas quando não é recebido
pelo sorriso da amada
ou pelo beijo do amado
deduz logo
que tem algo de errado.

Não há nada de errado
em repetir pequenas atitudes
O que não pode acontecer
é a mecanicazação do casal
Assim como o amor
clama pelas doces repetições,
a surpresa deve estar presente
para reforçar
mais uma repetição.
Que tal um presente
para comunicar
que se está aprisionado
dentro de um coração?

Coração inimigo da boca

Olho para o nada
Um salto no vazio
O corpo está leve
Até uma pluma pesa mais
O ar enche os pulmões
A boca extravasa
tudo que está
aprisionado no coração.
Não fica pedra sobre pedra.
Adeus interrogações!!!

Quem dera...
As dúvidas não foram embora,
apenas tiraram férias.
Voltaram revigoradas
e me atormentam
mais ainda.

Respira!
Calma!
É o que grita
uma voz no imperativo
A razão entende,
mas o coração desobedece.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Seguir para ser ou ser para seguir?

Parâmetros para seguir
gente em consideração
bem que o mundo poderia ser
um lugar mais simples
sem tanta complicação
Consequências
Implicações
Cada atitude
produz um resultado
viver em sociedade é complicado.
Como os padrões são chatos!

Contas a prestas
à célula familiar
horários a cumprir
contas a pagar
gente que te obriga
a fazer o que você odeia
pra quem você
odeia mais ainda

Falsidade
Hipocrisia
tudo isso impõe
o nosso dia a dia
Somos formigas
esmagadas a todos instante
não pelos sapatos
mas pelas regras massacrantes

Identidade...
Quem constrói não é você
Somos resultado da genética,
misturados com ideologias
e enquadrados numa cultura
e, provavelmente,
"lapidado" por alguma religião
muitos distorcem os sentidos
e passam a julgar o irmão
porque não segue as mesmas regras

O que vale é a regra
E não o que sou!
O que vale é a regra
E não o que você é!
Ser ou seguir?
Somos o que seguimos
ou seguimos para sermos?

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O peso das palavras

Como gostaria
de ter mais coragem,
de articular as palavras adequadas
para um momento
que nunca parece chegar.
Será que este momento existe
ou é coisa da minha imaginação?

Talvez seja o medo,
que aumenta a cada hesitação.
São somente palavras,
mas com grande poder.
Vão definir o destino
que irei seguir,
o que irei enfrentar,
como irei viver.
Não!!!
Definitivamente não são apenas palavras.

Como algo que não se vê
e que não se pode tocar
tem um peso tão grande?!
São apenas sons
que saem da nossa boca.

Procuro um jeito melhor
mas parece que não existe.
Enquanto isso o tempo passa
e a dúvida torturadora persiste,
domina meus pensamentos,
que me deixam mais perdida.
Haja possibilidades!
Quero a melhor saída.

Diversas vezes durante o dia
penso "de hoje não passa".
Porém o coração mole
e a personalidade fraca
para o dia seguinte
tudo repassa.

Palavras originadas no coração,
processadas pela mente,
ganham o mundo pela boca e
atingem ouvidos,
levando mensagens...

Processo bastante simples,
mas que durante a vida
nos deixa bastante marcas.

Palavras
Com vocês irei fazer as pazes
e finalmente me entender.
Palavras carrascas palavras
Vocês deixarão de me maltratar.
Palavras...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Mico Eleitoral Brasileiro

Interrompemos a nossa programação para a exibição do Mico Eleitoral Gratuito. Quando a inspiração permitir, voltaremos a exibir a saga "O Tempo Pára"


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Chegou a hora do riso
A hora do riso chegou
A música hipnótica que gruda
Nunca findou
Até o grande dia
Ela vai tocar
Na mente é o grande hit
Não tem como negar
A série de números
Parece nunca cessar

A hipnose segura a grande massa
É dentadura, tábua, chinelo e até cachaça
O povo por pouco se vende
E segue rumo a infinita desgraça

O eterno ciclo
Que parece nunca quebrar.
O picadeiro disfarça
o intenso gargalhar
É rir para não chorar
É o mico eleitoral gratuito!

Boxer aposentado
Palhaço
Mulher Fruta
Até o Tiririca
Quem nesses votar
Na cabeça tem titica

Todo mundo fica bonzinho
Ou muito religioso
É bebê no colo, abraço no velhinho
Gororoba é rango apetitoso
Todos se lembram dos pobres
E tem soluções para o ribeirinho

Crianças terão escola
Pobre direito a educação
Saúde para todos
É o progresso da nação

Todos terão onde morar
E sempre o que comer
Emprego não vai faltar
Meu candidato está a dizer

Esperanças se renovam
ou simplesmente se afogam
No mar de lama navegamos
e assim continuamos:
muitos a perecer
poucos a enriquecer

Pátria amada?
Mãe gentil?
Nossa maltratada pátria,
Brasil!

sábado, 24 de julho de 2010

O tempo pára VII

Juquinha se derramava em lágrimas, enquanto abraçava Dona Gumercinda. A polícia demorou um pouco para chegar e entrou na casa revirada. Não tinha muito a fazer, até que um dos agentes gritou:

--Venham ver isso aqui! Venham!

Não era uma pista. Era algo além disso: uma gosma brilhosa estava tomando conta da sala. Juquinha explicou que aquilo não estava por lá quando ele chegou da escola, o compartimento estava apenas com os móveis e objetos revirados. E a quantidade da gosma esquisita estava aumentando cada vez mais rápido. Uma gota caiu no braço de um dos policiais, que logo em seguida deu um grito de dor e mostrou aos companheiros o buraco enorme no local onde a coisa encostou. Todos trataram de fugir daquele lugar, principalmente após o vidro de um porta retrato com a foto de Luana estourar.

Dona Gumercinda constatou que sua intuição realmente não falhava. Ela acertou que havia algo estranho no ar, mas nunca imaginou ser algo tão extraordinário, pois ver gosmas destruídoras na sala do vizinho é um praticamente imprevisível, inimaginável. Estava preocupada com o garoto, porque nenhum familiar aparecia e tentava sem sucesso algum contato por telefone. Anoiteceu e nada de aparecer ninguém, deixando Juquinha cada vez mais transtornado. O relógio marcava onze horas da noite, quando finalmente Natália, uma das tias do garoto chegou. Infelizmente se soube da chegada da jovem de uma maneira muito trágica: ouviu-se gritos e quando a porta da casa foi aberta, ela estava morta e sendo corroída pela gosma.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O tempo pára VI

Em algum ponto da cidade, do estado, do país, do planeta ou até do universo, a alvura deu lugar a uma coloração furta-cores intensa, agredindo mais a visão do que o branco absoluto. A partir deste instante, Luana começou a ter uma dor de cabeça intensa, fazendo com que ela tivesse certeza de que estava esperando uma vaga para o inferno. "Mas será que eu pequei tanto assim? Meu Deus, eu não fui nenhuma santa e tem muita gente pior do que eu na Terra! Mereço mesmo ser castigada assim?"

A fase mais sapeca de Luana foi a adolescência. Ela era uma menina comum, que suspirava por ídolos, ouvia as mesmas músicas quase o dia inteiro num walkman vermelho todo amarrado e remendado que tinha "herdado" de um primo mais velho, que acabara de comprar o que havia de mais moderno na época: o disc-man. A jovem, junto com as amigas, olhava para os garotos da escola e da vizinhança. O grupinho formado por ela, Jéssica, Geyse, Aline e Tattyanny (sim, com essa grafia típica do subúrbio) gostava de analisar quem era o mais bonito, o mais gentil, o mais simpático...passavam muito tempo julgando e dando veredictos, que muitas vezes as lições da escola eram esquecidas ou feitas as pressas. Os pecados de Luana estavam ligados justamente aos meninos, pois sempre que tinha algum encontro inventava uma desculpa para o pessoal de casa, porque não queria ser incomodada.

A fase dos beijos foi bastante prolongada, até que a coisa começou a avançar com Júnior. Ela queria apresentá-lo como namorado para a família e ter o típico namorinho de portão, mas ele sempre desconversava. Chegou a temporada em que a jovem teve os dois maiores impactos da vida: viu Júnior aos beijos com uma garota da outra rua e notou que a menstruação estava atrasada. Dias depois conseguiu juntar uma pequena quantia para comprar um teste de gravidez, que deu positivo. Era Juquinha a caminho.

Luana estava apenas com 16 anos. Júnior nunca quis saber dela depois disso e a família dele mudou-se de cidade, desaparecendo da visão e da vida dela para sempre. Os avós de Juquinha nunca foram recebidos na maior casa do bairro e até hoje são os únicos que o menino conhece.

O estudos de Luana ficaram atrasados. Ela nunca conseguiu entrar na faculdade e quando começou a trabalhar, sempre foi explorada e ganhava pouco. Agora lá estava na clausura furta-cores, sentindo saudades até do supervisor carrasco que todo dia fazia gracejos grotescos e pegava no pé dela, porque nunca quis saber dele. A dor de cabeça passou, mas desta vez a escuridão começou a tomar conta do ambiente, como se estivesse numa sala de cinema. De repente, formou-se um retângulo luminoso, onde via um filme em que era a protagonista. Aquele era o filme da vida de Luana.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O tempo pára V

Uma sala cuja alvura ofuscava a visão. Foi onde Luana acordou grogue e totalmente desonrientada. A sobriedade foi voltando, mas não adiantava olhar muito para os lados, pois a única coisa visível era o branco absoluto, num ambiente que não tinha quinas, arestas, qualquer espécie de canto que lembrasse um típico cômodo, que sempre tem algum ângulo reto. A jovem estava sozinha naquele lugar completamente incomum, mas não estava com medo, pelo contrário, uma paz intensa tomou conta do seu ser, que nunca se sentiu tão bem, tão em harmonia no decorrer da monótona vida.

O filme do seu cotidiano passava pela sua mente: o café com pão logo ao acordar, a espera pelo ônibus lotado para se deslocar ao trabalho, a quentinha de frango frito encharcado de óleo e colorau, a volta para casa mais apertada que sardinha em lata e a hora da novela, com um elenco canastrão e dublagem pior ainda (sim, a novela ainda era mexicana!). Depois, ela ia dormir com a camisola vermelha, cuja sensualidade o tempo roubou, transformando-a num mero trapo carregado de lembranças, enchendo-a de saudades de uma época em que era beijada, abraçada, desejada e tocada.

Luana estava naquela situação porque queria ou fazia-se de cega. Muitos ao seu redor olhavam para ela e se ofereciam para acabar com aquele sofrimento, mas inexplicavelmente ela se isolou para o mundo. Agora ela se arrependia, já que não sabia se um dia teria outra oportunidade, pois ela se encontrava enclausurada num lugar estranho e mesmo amarrada, sentia-se bem. "Será que eu morri? Será que eu estou no purgatório ou esperando meu julgamento?" - era somente nisso que pensava.

Juquinha tinha acabado de chegar da escola, quando viu que a sala estava revirada e a televisão estava quebrada. Procurou pela avó, pela tia, mas não encontrou ninguém. Resolveu ligar para o celular da mãe, mas este sempre repetia a famigerada mensagem: "Este celular está fora da área de serviço ou encontra-se desligado". O garoto de 10 anos resolveu chamar a vizinha, pois estava bem tenso e preocupado, pensando na possibilidade de sequestro.

Dona Gumercinda, uma senhora de 70 anos, temeu pelos vizinhos ao lado, mas com sua lucidez peculiar, ainda conseguia raciocinar: quem é que perderia tempo sequestrando pobretões? Mesmo assim, ela ligou para a polícia e depois seguiu juntamente com Juquinha, quando este retornava para casa.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O tempo pára IV

Os lábios carnudos já tinham se projetado para fora da tela. O batom escarlate brilhava intensamente e começou a desbotar, de repente, revelando lábios azuis, pintados pela cor mórbida do cianureto. Pouco depois a cabeça inteira já estava do lado de fora da caixa plástica com vidro e em seguida, a estranha criatura estava na sala, olhando fixamente para Luana, que naquele momento despertou da paralisação em decorrência do susto e correu o mais rápido que conseguia.

Luana escorregou no tapete de retalho , que complementava a decoração cafona e decadente da casa. Tentou se levantar do chão, mas deparou-se com a mulher e com o homem, cujos braços começaram a se esticar e envolver o corpo da jovem assustada, da mesma forma que a linha fica enrolada em um carretel. Ela tentava gritar, mas somente o silêncio dos angustiados saía da garganta. Desistiu de pedir socorro. A rotina de Luana a partir daquele dia, seria quebrada para sempre. Na verdade passaria a ser inexistente.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O tempo pára III

A mulher esquisita da televisão não desgrudava os olhos de Luana. Os olhos acompanhavam cada movimento que ela fazia, assustando-a cada vez mais, até que a criatura finalmente paralisou-se e na tela, apareceu um close do rosto, que ia se aproximando cada vez mais, até ficar aquela boca enorme ocupando o vídeo inteiro. Imensos lábios carnudos, mais vermelhos que o sangue e dentes alvos como a neve.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O tempo pára II

Luana percebia que havia algo de errado. Sua mãe estava fazendo a mesma carreira da blusa de crochê. Ela involuntariamente estaria usando o mesmo pijama azul com bolinhas brancas para dormir. Já Luana, ia pra cama sempre com a clássica camisola vermelha e depois abraçava o travesseiro velho, caindo em sono profundo, característico do cansaço.

Um belo dia, ela percebeu que o primeiro jornal da televisão estava sem os urubus de blazer, que era o apelido que colocou nas apresentadoras que proferiam as piores e mais trágicas desgraças toda manhã. Todo dia, sua avó assistia as carnificinas do dia e ainda ficava comentando sobre os casos mais escabrosos, até o ponto de ninguém aguentar mais aqueles assuntos tristes. Só faltava o sangue escorrer pela sala. No lugar das duas apresentadoras, estava um casal com aparência enigmática, pois ao mesmo tempo em que inspiravam medo, transmitiam confiança, bondade.

A jovem, ao perceber que pelo menos alguma mudança surgiu, fitou atenciosamente a televisão. Ela notou que a mulher, uma ruiva com cabelos de cor vermelha bem viva e de pele extremamente pálida, a olhava de forma inquisidora. "Mas eu devo 'tá ficando maluca...Como é que a mulher da televisão pode olhar para mim?". Era o que Luana pensava, ao desviar o olhar da tela para procurar o controle remoto e desligar o aparelho.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O tempo pára

Luana estava chegando em casa, um local aconchegante onde iria comer a deliciosa comida feita pela mãezinha e depois se distrair um pouco vendo televisão junto com a família. Era uma forma de extravazar e ao mesmo tempo passar pelo menos uma hora com seus entes queridos após um dia inteiro de trabalho. Todo dia o ciclo se repetia, com pequenas alterações, mas nada muito significativo: mudança de roupa, de motorista de ônibus, variação da comida fria que vinha na quentinha da hora do almoço. A rotina, sempre a rotina...Porém um dia tudo começou a ficar igual demais. Já não aguentava mais comer o mesmo frango frito sem graça, engordurado e vermelho de tanto colorau e pensava que já não faltava muito para criar penas.



Se fosse somente o almoço que estivesse igual.



O capítulo da novela era o mesmo. Luana estava louca para saber de Juan é mesmo filho de Frederico Enrique, mas já tinha uma quinzena em que a cena final era os olhos esbugalhados de Juanita Maria, querendo passar a sensação de surpresa, mas no máximo revelava ao telespectador que os olhos azuis da atriz são falsos. Ninguém percebia nada, somente Luana.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Efeitos de uma dor

A cabeça dói
a mente está cansada
incessante dor
que insiste em continuar
ela se instalou para lembrar
que o que incomoda
infelizmente ainda existe
persiste
insiste
e não vai embora!

Dor e mais dor
cansativo dissabor
pensamentos sinistros
teimam em aparecer
a tensão na face
denuncia que
o quieto nem sempre
é o mais tranquilo
a sisudez não deixa
o sorriso retornar
nem a leveza
e a liberdade
o que existe
somente é a saudade
e vários arrependimentos
eu sei que um dia
vão embora os tormentos
e que as nuvens se dissipam
e o sol reaparece

Batalha

Peito querendo explodir
com as batidas aceleradas
mente carregada de pensamentos
e de atitudes desesperadas

A chuva traduz minha tristeza
a natureza une o seu pranto com o meu
a esquina reserva uma desagradável surpresa
um algoz vestido de negro está a espreita
a paz é muito almejada
mas está muito distante
tudo que sobra é
o sentimento agonizante

Adiar não adianta mais
o jeito é enfrentar
pegar as armas que tenho
e começar a lutar

Nada de escudos
Nada de defensiva
somente as lanças perfurantes
o poder destruidor dos manguais
o machado que decepa as mágoas
e a terra que esconde eternamente
todos os sentimentos ruins
as lágrimas secam
a paz volta a reinar
e finalmente
o caminho da vida
irá continuar...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O silêncio da liberdade

A melancolia se apossa
novamente do meu ser
que tenta anular o som
das vozes que aborrecem
com ordens e bobagens
que não convém mais

Só quero encontrar a paz
e as vibrações da alegria
deixar de lado a apatia
e na face estampar
o mais sincero sorriso
com gosto de genuína
e doce liberdade.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Quebrando amarras

As amarras são quebradas
e aproveito o doce sabor
que só quem degusta
o mel da liberdade
conhece.

Sem peso nos ombros,
aproveito para gritar
e soltar os monstros
que estavam presos
e pouco a pouco
sugavam minhas energias.
Agora sinto a magia da vida!

As correntes foram quebradas
e arremessadas no fundo de um rio
chamado esquecimento.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ana

Da janela Ana aprecia a paisagem,
enxerga pessoas na correria
de um lado para o outro,
no normalíssimo dia a dia.
Crianças vão para a escola.
O homem corre para pegar o ônibus.
A doméstica com o sacolão de feira.
Ana ouve o badalar do sino da igreja.

Ana olha,
Ana aprecia,
Mas de nada,
Ana participa.
A única coisa que faz
é simplesmente olhar.
As rugas tomam conta da face,
mas ela continua a olhar.
Somente olhar.
Ana não tem história para contar,
somente os trechos
que vê pela janela.
Tudo que ela narra
não parte dela.
Ana vive testemunhando
ou será que Ana
vive para testemunhar?
Será que Ana vive?
Ana não vive, simplesmente existe.




P.S.: há várias Anas por aí, com certeza você deve conhecer gente assim........

Todo humano é cheio de "se"


Você deve estar pensando que escrevi errado. Na realidade o título está mais do que certo, já que me refiro a partícula condicional, não ao pronome. Todos nós temos os nossos "se's": "se eu tivesse estudado mais", "se eu tivesse mais tempo", "se eu não engordasse", "se eu emagrecesse", "se eu tivesse um emprego", "se eu tivesse mais dinheiro" e assim sucessivamente.



O problema é que na maioria das vezes notamos a presença de um "se" quando já é tarde demais ou em situações ruins. Quanto mais o tempo passa, mas "se's" nota-se, pois começamos a nos arrepender de várias coisas que não fizemos, assim como das burradas cometidas. O maior inconveniente disso é que as ações, independentemente de terem sido concretizadas ou não, deixam consequências e são justamente os maus resultados (geralmente os menos esperados) os maiores responsáveis pelo resgate dos "se's".



Quando resgatamos os "se's", começamos a nos sentir mal, deprimidos e desanimados. Como produto do acúmulo de tanta carga negativa vem a acomodação, pois costumeiramente não recorremos a ações e simplesmente o saldo dos "se's" fica infinitamente maior que o bancário. Depois o quadro torna-se irreversível, já que terminamos enterrados pelos nossos "se's", eternamente.

terça-feira, 27 de abril de 2010

A Caixa

Toda meia-noite começava o meu martírio. Gritos histéricos incomodavam minha preciosa tentativa de sono e a frase repetida como um mantra pela minha tia era motivo de meu descontentamento não somente naquele horário, mas durante o dia inteiro! Eu tinha vontade de arrebentar aquele aparelho feito com uma caixa plástica, cuja parte frontal era ocupada por um grande vidro emissor de luzes coloridas formadoras de imagem.

Ao acordar, o "mantra" repetido cotidianamente era somado a mais um, igualmente irritante até para as mentes mais traquilas e evoluídas. Uma chuva de repetições tornava o exercício de permanecer em casa pela manhã dos mais desgastantes, pois o meu pensamento proferia somente duas frases:

--Quando será que vou livrar desse estágio evolutivo tão baixo? Será que o castigo terminará logo?

Era para ser um dos melhores momentos da minha vida, porém a realidade era o extremo oposto. A caixa plástica com vidro na frente ditava as regras no lar, palavra que nos remete a um lugar tranquilo, amável e acolhedor, mas o meu lar naquele momento não tinha nada de tranquilo, amável e acolhedor! A não ser que a solidão seja a sua única companheira em casa, você deve ter passado por provação idêntica ou ainda conhecerá na pele os efeitos dos exercícios forçados para desenvolver a tolerância em qualquer ser humano. Nem sempre os procedimentos dão resultados satisfatórios, pois explosões nervosas podem acontecem durante algum momento. A caixa me enlouquecia e qualquer tentativa minha de modificar a situação era vetada furiosamente pela minha tia e até pelo meu filho, na época com apenas três anos. Ambos estavam hipnotizados pelo aparelho emissor de mais baboseiras por segundo. Pobre criança, pois minha tia já era caso perdido!

A caixa perigosa domina além do meu lar. Só de imaginar o número gigantesco de residências com aquela coisa ligada, um arrepio percorre meu corpo, pois muito tempo precioso é desperdiçado enquanto inúmeras pessoas se deleitam com futilidades, mergulhando no poço sombrio e mortal da ignorância. O meu "carrasco" inventa várias maneiras de continuar a hipnose, porém a mais comum é derivada da teoria behaviorista, com o uso da repetição e do reforço positivo. Para manter as massas idiotizadas e não permitirem a quebra desse estágio, frases são repetidas a todo momento, reforçando as "vantagens" dadas em troca dos contemplados que gastam o dinheiro suado com telefonemas para poderem, quem sabe, ganhar a quantia gasta. Entendeu? Não é tão complicado quanto aparenta.

A maléfica engenhoca oferece dinheiro para quem ligar, na maioria das vezes quantias baixas equivalentes à conta telefônica de usuários de interurbarnos. Você liga em busca da sorte e pode ser o sortudo, mas quando pensa na possibilidade de usufruir o dinheiro percebe que terá que pagar pelos prejuízos resultantes da busca pelo dinheiro. Quem fatura cada vez mais são os responsáveis pelo funcionamento da caixa, que gastam menos para produzir as cores e sons idiotizadores, pois não terão que pagar cachês muito caros, porque utilizam os candidatos a sortudos como atração principal e para incentivar cada vez mais gente a gastar e encher os bolsinhos nada vazios deles.

O perigoso instrumento hipnotizador não é feito em outro planeta e tão pouco é instrumento de guerra alienígena, na verdade é algo bem conhecido pela humanidade, até pelos locais mais inóspitos e menos conhecidos por nós. Todos tem a caixa dentro de casa, inclusive no quarto e geralmente cada família possui mais de uma unidade. A caixa se chama televisão, que ilude, faz perder tempo, desvia o foco do que realmente é importante e profere a todos os instantes promessas falsas e distribui presentes de grego mundo afora. Não confie em sorteios e facilidades, pois a próxima vítima poderá ser você e ainda por cima perderá tempo na verdadeira busca pelo dinheiro. Faça cursos, leia livros, afinal o saber nos conduz a melhora. Cuidado com a ilusão da televisão.

PS: minha crítica não é ao conteúdo em geral da televisão, pois ainda há coisa que se salva sim e que vale a pena parar pra ver :). Estava criticando programinhas de ligar pra ganhar, que torravam a minha paciência...A vinheta do Fantasia me dava arrepios e não aguentava mais a minha tia me perguntando o que tinha na maleta do Britto Jr e na panela do Edu Guedes. Tinha vontade de dar umas respostas bem tortas.............

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O retorno da caixa

De olho na telinha da maléfica caixa, a hipnose nunca cessa. A caixa não oferece somente recompensas financeiras, mas deleita o telespectador com "delícias" nada sáudáveis à alimentação intelectual. Não é somente a busca pelo dinheiro que motiva alguém a permancer horas a fio diante de um vidro...A curiosidade humana, principalmente quanto a assuntos nada relevantes é um fator que explica como é possível alguém permanecer tanto tempo com as nádegas "pregadas" em uma cadeira, sofá, poltrona, seja onde for.

Os assuntos irrelevantes para a vida de um indivíduo servem como meio de fuga, rumo a um mundo mais glamuroso do que o desbravado durante o cotiano. Um mundo onde não há necessidade de se espremer dentro de um ônibus, para chegar num trabalho muitas vezes odiado e que ainda por cima paga uma mixaria, um lugar onde o que acontece são festas, paquera e prêmios. Embora seja compreensível que um morador de uma beirada de igarapé ou de barranco, cuja casa vive ameaçada por qualquer temporal, esteja cansado de ver miséria e angustiar a alma com mais desgraças, é um crime alienar tais pessoas. A dimensão fantasiosa é repleta de anestésicos, para não dominar o pensamento crítico e diminuir a possibilidade dessa pessoa de abandonar a pobreza e rumar à bonança. Muitas pessoas perdem um precioso tempo "dando uma espiadinha" em indivíduos que não farão nada por eles, enquanto poderiam tentar fazer algo de concreto por si. A maioria permanece no voyerismo coletivo.

Um local bem interessante para constatar o poderoso efeito anestésico da caixa é o ônibus. Pelas janelinhas é possível ver indivíduos em suas casas ou nas bancas de rua paralisados diante de uma televisão ou ter como fundo sonoro, enquanto não chega a parada, conversas sobre as espiadinhas:

-- O fulano é um gato! Eu quero que ele fique!

-- Gato? Ele é um chato que só come, dorme e olha pra bunda das meninas. Ele tá jogando muito. Quero que ele saia.

-- Eu queria que ele olhasse para a minha, porque de mim teria o tratamento que merece...Ele é tudo de bom! Às vezes fico pensando se ele é bicha. Tem tanta garota bonita nessa edição e nada!

E assim vao continuando a conversa. Durante o dia todo desconhecidos falam intimamente de outros ilustres desconhecidos, como se convivesse com eles lado a lado. Talvez deêm mais atenção aos famosos anônimos da televisão do que aos próprios filhos, pais ou qualquer outra pessoa que realmente seja importante, pois não é difícil encontrar uma mãe falando com maior exatidão sobre os fulaninhos (de tamanho da cueca até a marca de papel higiênico que usa) do que sobre os próprios filhos, ignorando quem é o melhor amigo, notas na escola, entre outras coisas.

Vamos dar uma espiadinha, mas na nossa realidade.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Asqueroso mundo cão

Olha só o sangue
que pinga daquele jornal.
O papel não tem culpa
se muitos fazem o mal.
Só é reproduzida
a cruel realidade.
Depois dizem que isso
da imprensa é crueldade.

Na verdade pode ser,
dependendo do jornal,
mas na realidade
a humanidade dá
bastante material:
estupro,
homicídio,
bandalheira,
latrocínio,
fatricídio,
roubalheira...
Depois reclamam
que só se vê má notícia
o que varia é o tratamento
que se dá ao sofrimento.

Infelizmente a ética
está em extinção.
Cadáveres humanos são exibidos
com festa e animação,
como se fossem meros pedaços
de carne em uma churrascaria.
Troféu da primeira página
Quantas vendas!
Que maravilha!

E a vida que se foi?
Será que não tinha valor?
Alguns a tratam com respeito,
outros com indiferença.
Para o mundo cão
o que vale é a finança.
Banalização de gente.
Mundo doente.

domingo, 18 de abril de 2010

O Terço da Fome


Dia de São Sebastião. Minha família foi convidada para ir rezar um terço às sete horas da noite para comemorar o dia do santo e depois participar de um coquetel. Quando chegou o horário lá fomos nós.


Atravessamos a rua, entramos na casa da vizinha e lá estava a maior parte das pessoas dos arredores. Alguns estavam devidamente acomodados nas diversas cadeiras e banquinhos. Quem chegava depois se alojava rente às paredes, em pé mesmo. Os murmurinhos tomavam conta do ambiente, pessoas que não se viam há muito tempo se reencontravam e diziam as novidades boas e ruins. Juntamente com as vozes humanas em diversos tons e variações, o cheiro dos salgadinhos invadia as narinas de todos.


E começou o terço com ave-marias e pais-nossos, pequenos trechos da vida de São Sebastião...Se bem que de pequenos os trechos não tinham nada! A fome que tomava conta das pessoas presentes ali era bem maior. Para torturar melhor, a mesa onde estava a cobiçada comida ficava em outra sala e era possível vê-la através da grade. Os olhares se dirigiam mais para o outro cômodo da casa do que para a velhinha magra, alta, de cabelos cacheados e curtos que narrava com muito entusiasmo a vida de São Sebastião. Uma senhora nem olhava mais para nada. Estava com os olhos fechados entregue a um sono profundo, enquanto seu acompanhante tomava cuidado para ela não cair do banquinho quando se curvava muito. A maioria das expressões eram sérias e de descontentamento.


Enfim o terço termina e a dita velha magra, alta, dos cabelos cacheados e curtos se levantou do banco em que sentara para dizer:


-- Vamos conhecer mais um pouquinho da vida do nosso santo guerreiro!


Ela estava com um livreto na mão, procurando uma página, até que uma garotinha de aproximadamente cinco anos pergunta para a mãe num tom de voz nada discreto:
-- Mamãe, quando a gente vai comer?


A jovem morena deu uma olhada rápida no ambiente e estava com uma expressão encabulada. Porém a vergonha da mãe não era maior que a da velha, que guardou livreto, terço e qualquer outra coisa na humilde bolsa de pano e sentou-se num banquinho, sem dizer mais nenhuma palavra. De qualquer modo ela não conseguiria vencer o riso, soberano na ocasião.
--Vamos comer, venham! – dizia a dona da casa.


A senhora que dormia despertou num átimo e a garotinha sorria. Na realidade o sorriso pertencia a todos, pois na verdade ela apenas expressou o desejo da coletividade. A única a dizer a verdade foi uma criança! As expressões contentes voltavam para os rostos, principalmente ao saborearem uma coxinha ou um generoso pedaço de bolo, que calavam os gritos de fome de estômagos famintos, enquanto nem a maior narradora da vida de São Sebastião fazia companhia ao santo solitário no pátio ao lado.

sábado, 17 de abril de 2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Insone

Insônia que persegue
Meu amargo ser
Pelos vidros da janela
A claridade chega
E na cama
Meu corpo não descansa
Muito menos se aconchega

Meu corpo está moído pelo cansaço
Mas infelizmente minha alma noturna
Discorda do meu corpóreo protesto
A noite silenciosa e soturna
o chama
e minha mente reclama
mas simultaneamente
as idéias borbulham...

À noite viro uma filósofa
pois o sono me abandona
abraço prazerosamente o pensamento
mas em troca
do dia recebo o tormento

Assim como a noite traz inspirações
o dia me traz obrigações...

Foice dos Ventos

Caminha ao lado de todos
e nunca é percebida
Pode nos levar a qualquer hora
Das trajetórias dos vivos é a senhora


O abraço do vento frio
nos castiga e regozija


Trabalha em equipe com os saprófagos
entregando-lhes os corpos
e com ela levando as almas


Tempo é seu fiel companheiro
que também nos acompanha
No decorrer do caminho inteiro
ele nos dá rugas,
às vezes nem estes sinais.
A adúltera esposa nos beija
e depois dos nossos lábios
nem quer saber mais


Deste beijo todos fogem.
Ela prefere roubá-lo,
pois quando é procurada
geralmente fica desapontada,
mas não descarta a oferta.


Este ser é a dama da morte
que percorre o mundo
do sul ao norte
A maioria nunca a espera,
porém a todos acerta,
trazendo o alívio
ou então o tormento.


Muito prazer,
eu sou a Foice dos Ventos.



Poema bem antigo...
Homenagem a Peter Steele (04/01/1962 a 14/04/2010)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Destruição de uma muralha

Bate forte coração,
pulsa como uma bomba
prestes a explodir!
Os lábios estão sempre
intensamente a sorrir,
para disfarçar
o descontentamento.


A explosão é contida
a todo instante,
mas destrói discreta e
milimetricamente...
O muro de contenção
está virando pó
e será desfeito,
resultando em partículas
mínimas e invisíveis,
propagadas ao esquecimento.


Não há muralha
que consiga proteger
da força sobrenatural
da raiva reprimida,
da lágrima não derramada,
da vingança adiada
e do eterno escape
chamado poesia.

Viagem numa jaula

A jaula invisível
É a mais difícil de romper
A mais dura para serrar
É o lugar considerado
O mais difícil para escapar...


Dias passam e o andar dos ponteiros
Continua exatamente o mesmo,
Acompanhando o ritmo
Da mesmisse cotidiana
Que nos aliena e nos engana
Com a certeza do tudo bom e certo


Os sonhos diferentes
Na verdade são os mesmos
Em toda parte do mundo
Eles se repetem!
Repetem!
Repetem!
Não importa quantos milênios se passaram...


A estrada tortuosa da vida humana
Com as mesmas linhas retas
Que distorcem a todo instante...
A fórmula é a mesma,
Mas os resultados são
Extremamente diferentes...

Correnteza

O rio dita o ritmo
com suas águas,
que nunca são as mesmas.
O rio de nossas vidas
é o onipresente relógio.
onde o conjunto
hora,
minuto
e segundo
formam a correnteza
cuja água parece a mesma,
mas não é a que se vê agora.


Ao acabar este poema
o que você viu
vai pertencer ao ontem:
o segundo que passou
já virou lembrança,
cristalizada na memória
e enterrada no coração.

Saudações

Olá povo!


Estava em casa pensando e pensando, compartilhando tudo com meu amigo caderno, onde as idéias se concretizam. Ao escrever mais um poema, deparei-me com outros emburrados e tristes, pois sempre estavam enclausurados entre as inúmeras linhas e, penalizada com aquela situação, atendi a súplica estridente daqueles poemas todos, perguntando o que eles queriam. Responderam em coro: "Queremos liberdade!".
Resolvi fazer alguma coisa por eles, para enfim conhecerem um mundo além do caderno e cheguei a conclusão de que um blog seria perfeito: local onde mais pessoas podem visualisá-los e tentar compreender a mensagem ou simplesmente o sentimento que passam. E fui mais além: resolvi abrir espaço para outros poemas deixarem a clausura, compartilhando este espaço com outros aspirantes a poeta que nem eu.
Espero que este blog sempre traga coisas interessantes a quem resolver acompanhá-lo e que una muitas pessoas em prol não somente dos poemas presos, mas também das crônicas, contos e qualquer manifestação literária encarcerada.

Que a ventania da inspiração toque todos vocês.