sexta-feira, 18 de junho de 2010

O tempo pára IV

Os lábios carnudos já tinham se projetado para fora da tela. O batom escarlate brilhava intensamente e começou a desbotar, de repente, revelando lábios azuis, pintados pela cor mórbida do cianureto. Pouco depois a cabeça inteira já estava do lado de fora da caixa plástica com vidro e em seguida, a estranha criatura estava na sala, olhando fixamente para Luana, que naquele momento despertou da paralisação em decorrência do susto e correu o mais rápido que conseguia.

Luana escorregou no tapete de retalho , que complementava a decoração cafona e decadente da casa. Tentou se levantar do chão, mas deparou-se com a mulher e com o homem, cujos braços começaram a se esticar e envolver o corpo da jovem assustada, da mesma forma que a linha fica enrolada em um carretel. Ela tentava gritar, mas somente o silêncio dos angustiados saía da garganta. Desistiu de pedir socorro. A rotina de Luana a partir daquele dia, seria quebrada para sempre. Na verdade passaria a ser inexistente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário