sexta-feira, 11 de junho de 2010

O tempo pára II

Luana percebia que havia algo de errado. Sua mãe estava fazendo a mesma carreira da blusa de crochê. Ela involuntariamente estaria usando o mesmo pijama azul com bolinhas brancas para dormir. Já Luana, ia pra cama sempre com a clássica camisola vermelha e depois abraçava o travesseiro velho, caindo em sono profundo, característico do cansaço.

Um belo dia, ela percebeu que o primeiro jornal da televisão estava sem os urubus de blazer, que era o apelido que colocou nas apresentadoras que proferiam as piores e mais trágicas desgraças toda manhã. Todo dia, sua avó assistia as carnificinas do dia e ainda ficava comentando sobre os casos mais escabrosos, até o ponto de ninguém aguentar mais aqueles assuntos tristes. Só faltava o sangue escorrer pela sala. No lugar das duas apresentadoras, estava um casal com aparência enigmática, pois ao mesmo tempo em que inspiravam medo, transmitiam confiança, bondade.

A jovem, ao perceber que pelo menos alguma mudança surgiu, fitou atenciosamente a televisão. Ela notou que a mulher, uma ruiva com cabelos de cor vermelha bem viva e de pele extremamente pálida, a olhava de forma inquisidora. "Mas eu devo 'tá ficando maluca...Como é que a mulher da televisão pode olhar para mim?". Era o que Luana pensava, ao desviar o olhar da tela para procurar o controle remoto e desligar o aparelho.

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