quarta-feira, 16 de maio de 2012

Tributo à enchente

Os caminhos vão seguindo com a chuva a lavar
A sujeira urbana forma a correnteza
composta por lama, suor, restos pútridos,
insatisfação, injustiça, incompreensão...
Alguns na bonança em suas camas
enquanto outros ficam em companhia da desilusão
As marombas vão subindo e as costas encurvando
O lixo invade as casas junto com as reclamações

Praguejam o tormento que buscaram para si
Tudo o que vai, retorna três vezes
E o sofá que estava no igarapé
Agora quer novamente o abrigo da sala
E assim a rataria toma conta da pobre morada
O medo e o fedor do chorume também
A podridão do esgoto é a companhia eterna
Porém agora está mais perto, de maneira mais fraterna.

- Curumim, sai daí!
- Cunhantã, venha cá!
São os pais a gritar e a proteger a enorme cria
O reino da fome e da ignorância continua absoluto
Numa infinita involução
Nossos nobres governantes continuam fazendo pouco
Da iletrada e pisada população
"Para Miami? Vou mesmo! Quem manda esse povo não saber votar!
Então, a plebe burra que morra!!!"

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